III Intercâmbio de Pacientes de Cannabis Medicinal traz pesquisa, aplicações clínicas e experiências de pacientes com a planta

A Associação Cannabis Sem Fronteiras (ACSF) e parceiros iniciaram no dia 28 de outubro o III Intercâmbio de Pacientes de Cannabis Medicinal. O evento aconteceu no auditório da Pós-Graduação do Centro de Ciências da Saúde, na UFSC. Foi organizado por uma rede de parcerias: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Instituto Dalla Cannabis, Associação Cannabis Sem Fronteiras (ACSF), Movimento Cannabis Sem Fronteiras (MOCASF) e Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal (AMA+ME).

A realização contou com o apoio da Associação Voluntários do CEPON (AVOC), da Onda Azul, organização que utiliza o surf como terapia para pessoas autistas, da Ong Autonomia, que também atende autistas e da Bliss Education, uma startup que fornece educação sobre temas relacionados à Cannabis.

O evento, em sua terceira edição, consolida-se como importante espaço de intercâmbio de informações e conhecimentos sobre a medicina da Cannabis entre profissionais de saúde, especialistas em Cannabis Medicinal, associações, pacientes e comunidade interessada no tema. É um momento precioso de interação entre os pacientes e os que produzem, pesquisam, prescrevem e cuidam das pessoas que usam a medicina da Cannabis, fortalecendo laços e ampliando as relações.

A cerimônia inicial contou com a participação do Profº Douglas Kovaleski fazendo as honras da casa, abrindo as falas de integrantes da Frente Parlamentar de Estudos Técnicos, Científicos e Associativos sobre Cannabis Medicinal, da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC), representados pelo Deputado Estadual Marquito e por Gilberto Delpozzo, assessor do Deputado Estadual Padre Pedro. Contamos também com a participação da Vereadora Carla Ayres, representante da Câmara Municipal de Florianópolis (SC).

A seguir, um relato sobre os diálogos na primeira mesa do III Encontro.

Sistema Endocanabinoide e Aplicações Clínicas

A mesa inicial, com o tema Sistema Endocanabinoide e Aplicações Clínicas, contou com a moderação de João Lourenço, médico veterinário integrante da ACSF, e teve como palestrantes, o próprio João Lourenço, a médica Dra. Carolina Chaves que apresentou sobre autismo e o farmacêutico Rafael Bittencourt.

Dr. Rafael que fez um breve relato acerca da história da pesquisa sobre Cannabis Medicinal, destacando a descoberta do Sistema Endocanabinoide no corpo humano, que é considerado o principal modulador do Sistema Nervoso Central. Ressaltou que o sistema ainda está sendo desvendado, sua descoberta é recente, aconteceu no final dos anos 80. Relatou sobre o uso da Cannabis no tratamento da epilepsia e destacou a contribuição do Dr. Elisaldo Carlini, na pesquisa brasileira sobre Cannabis sativa e fez referência a vários estudos que foram e estão sendo desenvolvidos.

Considera que estamos vivendo um momento de maior abertura para desenvolvimento de pesquisas sobre o uso medicinal da maconha e destacou a importância dos movimentos da sociedade civil, bem como da disseminação de informações sobre o tema. “Quem é contra a Cannabis está ignorando algo, por isso o movimento é importante”, disse.

Já a Dra. Carolina Chaves apresentou uma síntese sobre a abordagem científica atual relativa ao autismo, trazendo um breve relato sobre a evolução da pesquisa e do conceito.

Falou sobre o uso da Cannabis Medicinal no tratamento de pessoas autistas e trouxe casos com depoimentos de pacientes.

No encerramento da mesa, o veterinário João Lourenço explicou que quando disfuncional, o Sistema Endocanabinoide contribui (como causa ou consequência) para muitas doenças nos animais domésticos, entre elas a epilepsia, Alzheimer, doenças intestinais. Informou que há registros do uso veterinário da planta desde o século XII e que ela pode ser aplicada em qualquer espécie animal.

Convidou para um relato de caso a tutora de Charlotte ou Pupi, uma cachorra de 12 anos diagnosticada como tendo poucas semanas de vida. Tratada com Cannabis, segundo a tutora Carol, a Pupi apresentou respostas positivas desde o início. Ao encerrar, Lourenço destacou o conceito de “família multiespécie”, ou seja, o animal é considerado membro da família. Assim, naturalmente, sua condição de saúde e a melhora da qualidade de vida tem impacto positivo em toda a família.

A seguir foi aberta uma rodada de perguntas e comentários.

Conheça nosso parceiros:

Histórias do III Intercâmbio

Registros Fotográficos

Fotografia por Jaqueline Canabarro, Ursa Mor Fotografia com Alma
Recreação infantil durante todo o Intercâmbio com @TiAbacaxi e Rick @PedraSonora
Textos por Vivianne Amaral
Edição Equipe Dando Flor