Cannabis e Aplicações Clínicas – aprofundando o olhar sobre o uso medicinal da planta

No sábado, dia 28 de outubro, especialistas abordaram o uso profilático da Cannabis e suas aplicações clínicas, na segunda mesa do evento.

Com a moderação do psicoterapeuta Guilherme Barcellos (ACSF), a mesa contou com a participação do Dr. Linério Ribeiro Novais Jr., médico da Clínica Santa Kaya, pesquisador colaborador do Laboratório de Neurociência Comportamental (LABNEC/CCB/UFSC), doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde/UniSul e do Dr. Rui Prediger, farmacêutico, com Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado em Psicofarmacologia (UFSC), Pós-doutorado em Neurociências (Universidade de Coimbra, Portugal), orientador dos Programas de PG em Neurociências e Farmacologia (UFSC) e Coordenador do Laboratórios Experimental de Doenças Neurodegenerativas (LEXDON/CCB/UFSC).

Aplicações Clínicas e o uso profiláctico

Dr. Linério focou sua fala na aplicação clínica da Cannabis em dor crônica. Explicou que a dor crônica é uma experiência complexa, envolvendo vários aspectos e que é provocada por várias doenças neurovegetativas, entre outras causas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), ao menos 37% da população brasileira, cerca de 60 milhões de pessoas, relatam sentir dor de forma crônica e estudos globais informam que 30% da população mundial sofre com o problema.

O médico enfatizou a importância de diminuir o sofrimento das pessoas e de suas famílias. Destacou que o tratamento deve ser individualizado, evitando-se prescrições impessoais, padronizadas, e a importância das Associações de acesso ao remédio, com seus serviços de Acolhimento e Monitoramento do uso pelos pacientes. A questão da personalização do óleo, adequando-o ao paciente, foi destacada praticamente em todas as falas de médicos e pesquisadores.

O moderador abriu a conversa com o público foram feitos diversos esclarecimentos. Presente na plateia, o médico Leandro Ramires (AMA+ME) falou sobre a importância do uso profilático do óleo da Cannabis para pessoas com mais de 60 anos – fase de vida em que o Sistema Endocanabinoide desregula e passa a não funcionar tão bem, devido seu envelhecimento. O óleo, sendo um modulador da atividade celular, contribui para a melhoria de inúmeros problemas que afetam as pessoas idosas, por exemplo: insônia, ansiedade, variações de humor e depressão. Segundo ele, o uso profilático do óleo de Cannabis pode oferecer uma melhor qualidade de vida a essas pessoas e seus familiares, e até mesmo impedir o avanço de inúmeras doenças.

Cannabis e a doença de Parkinson

Encerrada a sessão de perguntas, Dr. Rui Prediger iniciou sua fala enfatizando a necessidade de se quebrar os muros e avançar além do preconceito sobre a planta. Contou que enfrentar um caso de Parkinson em sua família mudou sua visão em relação ao tratamento dessa doença.

Dr. Prediger explicou ainda que o Parkinson é tratado da mesma forma há 60 anos, usando-se remédios para tremores, apesar da doença ser muito mais que tremores. E uma doença de desenvolvimento longo, uns 20 anos, sendo necessário que haja algum fator ambiental que cause a afetação. Por exemplo: agrotóxicos podem entrar pelo sistema olfatório e atacar os neurônios.

Estilos de vida aliados a gatilhos ambientais (contaminantes) estão entre as causas da doença e testes olfatórios podem indicar sua presença antes dos tremores. É muito comum no meio rural brasileiro, possivelmente devido ao uso intensivo de agrotóxicos no Brasil. Os tratamentos convencionais não impedem a sua progressão e causam efeitos colaterais como a discinesia (movimentos involuntários).

Dr. Rui ressaltou que o uso profilático do óleo da Cannabis é importante antes da morte dos neurônios. Assim, há possibilidades de retardar os processos neurodegenerativos e oferecer melhor qualidade de vida para as pessoas doentes e suas famílias. Acima dos 80 anos, 40% das pessoas podem desenvolver a doença.

Além disso, foi apresentado um vídeo de um paciente com Parkinson antes e depois de usar o óleo e a seguir, o moderador abriu para perguntas.

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